O Coletivo
de Mulheres Ana Montenegro fez sua primeira reunião de organização no Paraná
neste mês de janeiro. Com o objetivo de
organiza-se como frente de massas importante à luta travada contra a opressão
de gênero e exploração da classe trabalhadora.
Nós,
militantes do Coletivo, concebemos o Feminismo como sujeito político das
mulheres. Além de debatermos o papel
feminino na política, também compomos parceria com os demais movimentos sociais
que acumulam e ampliam ações de ruptura com as instâncias que perpetuam as
desigualdades sociais e estruturam os pilares da dominação patriarcal
capitalista na contemporaneidade. Assim,
dialogamos no âmbito do movimento feminista, com todos os grupos que
reivindiquem os elementos que unificam a luta das mulheres com um processo de
transformação radical das relações sociais em sua totalidade.
O nosso
posicionamento político se justifica pela busca em articular a luta das
mulheres com a luta pela emancipação da classe trabalhadora. Isso porque
compreendemos que para aprofundar o debate e a luta contra o caráter social da
opressão das mulheres, necessariamente devemos inseri-lo na exploração de
classe, uma vez que ambos compõem elementos da mesma totalidade: o modo de
produção e reprodução social capitalista.
O CMAM assume
temáticas que reflitam a heterogeneidade da problemática feminina no âmbito da
centralidade do trabalho, para tanto temos como eixo norteador a luta pela
desnaturalização do papel social da mulher e seus desdobramentos, tais como: a
sexualidade e a mercantilização do corpo, a reivindicação do direito ao aborto,
a defesa da maternidade como opção, a denúncia da jornada intensiva de trabalho
das mulheres e a educação sexista como um dos veículos da violência contra a
mulher.
Por fim,
combatemos todas as formas de autoritarismo, totalitarismo, colonialismo e
ações bélicas contra a vida e dignidade humana. Todavia, não perdemos o foco da
unidade de classe, isso porque compreendemos que classe, gênero e etnia compõem
a ontologia do ser social, que no capitalismo, são apropriadas pela alienação
do trabalho, para perpetuar o seu próprio processo de acumulação.
Porém temos
convicção que a inclusão das demandas de liberdade e autonomia das mulheres e
as subsequentes bandeiras de luta feminista que surgem destas demandas, são
consideradas irrelevantes pelo cenário político atual. Assim sendo,
reivindicamos a emergência de uma nova concepção que supere o patriarcalismo,
considerado uma estrutura de reprodução ideológica da sociedade de classe.
Fato que
comprova a necessidade histórica da continuidade da auto-organização das
mulheres nas frentes de esquerda e na luta anticapitalista, que configure a
constituição de uma nova arena política onde a igualdade entre os sexos e a
ruptura radical com os arcabouços de opressão e dominação do capitalismo,
caminhem com a mesma acuidade e energia política no interior da busca pela
emancipação humana.
Entendemos
que a incorporação da categoria das relações sociais de gênero no Estado
burguês, possui como base, políticas públicas que são, grosso modo, plataformas
partidárias eleitoreiras. E, uma vez estabelecidas pelo governo, se apresentam
como um conjunto de organismos de controle social e de intervenção política que
fragmentam e falsificam a causa ontológica da opressão e exploração tanto de
gênero como de classe, isto é, que mascaram a divisão da sociedade em classes.
Neste
sentido, o Coletivo de Mulheres Ana Montenegro tem o desafio de se compor numa
unidade entre o particular e o universal, ou seja, entre o interesse das
mulheres e a luta pela superação do capitalismo como modo de produção e
organização social da vida humana.
Lígia
Bacarin – Direção Nacional do Coletivo de Mulheres Ana Montenegro
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