Coletivo Ana Montenegro

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um texto para análise e reflexões.

Por : Aneri Tavares
Enquanto militante da luta em prol da mulher maranhense,entendi que seria de suma importância apresentar neste espaço,o texto em anexo; uma prova de nossa batalha contra as intenções do governo contrário às políticas públicas para as mulheres no Estado do Maranhão.

O FEMINISMO, AS FEMINISTAS E A REPERCUSSÃO DE SUA AÇÃO POLÍTICA
*Mary Ferreira
O Movimento feminista, embora considerado um movimento de poucas militantes, como muitas vezes tentaram desqualificá-lo, entretanto sempre foi um movimento de idéias. Foi graças às idéias feministas que se avançou no processo de reconhecimento das mulheres como sujeito de direito. As idéias feministas não estão apenas naquelas que vão para as praças e ruas mostrar seu descontentamento, mas nas inúmeras mulheres que ousam romper com os conformismos que as mantêm prisioneiras de relações submissas. Foram essas mulheres e os muitos homens feministas, que se juntaram as vozes das feministas e de forma explícita e silenciosa manifestaram seu descontentamento para com a indicação da Sra. Paula Lobão.

Nas muitas manifestações era unanimidade que Roseana Sarney não tinha feito uma boa escolha. Nenhuma indicação de Roseana, nem mesmo a de Tadeu Palácio, considerando sua gestão desastrosa, frente à Prefeitura de São Luís em que todos nós padecemos pela sua inoperância, conseguiu despertar tantos questionamentos.

O que motivou a manifestação das feministas não foi se contrapor à indicação de uma mulher, mas contra a indicação de uma mulher que reconhecidamente não tem identidade com as causas das mulheres, reconhecido por ela mesmo em sua entrevista quando questionada se iria fazer alguma indicação disse: “Deixei a governadora totalmente à vontade. Confio nela para encontrar uma mulher com visão de inclusão”. Com essa afirmação ela reconhece seus limites e tomou a decisão mais correta.

Porém, é importante enfatizar, que ao lado desta decisão outros fatores foram decisivos: o conhecimento do orçamento da Secretaria da Mulher, muito aquém para realização dos muitos projetos delineados pela ex-secretaria, e o conhecimento que a Senhora Paula Lobão passou a ter das ações que deveriam ser implementadas pela Secretaria da Mulher, entre eles a implantação do Programa Estadual de Políticas para as Mulheres, aprovado em 2007 pelo movimento de mulheres de forma ampla e participativa.

A saída da secretaria que entregou o cargo apenas 10 dias após ser nomeada foi através de uma coletiva, onde acusa o movimento e algumas feministas de tiranas. Essa expressão me reporta a 1989 quando Jairzinho da Silva também acusava as feministas que apoiavam Lula para presidente de “caetanas e desocupadas”, na ocasião o deputado ficou insatisfeito com a repercussão da passeata feita pelas feministas que se contrapunham ao príncipe, caçador de marajás, Collor de Melo, posteriormente expurgado pela imprensa e sociedade brasileira.

Collor foi desmascarado, Paulinha Lobão reconheceu seus limites, sinal que as feministas além de ter coragem de expor idéias demonstram lucidez.

*Professora da UFMA, doutora em Sociologia UNESP, Pesquisadora do CNPq.

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